"Carro francês? Nem de graça!" Essa é uma reação comum entre alguns amigos meus que gostam e entendem de carros. E bem comum especialmente entre os que tem oficinas mecânicas, melindrados com arranjos mecânicos não usuais e o difícil acesso a alguns componentes na hora da manutenção.
Mas não é isso que um usuário comum percebe. Esse vai lá, compra o carro e se vale de uma longa garantia e de revisões com valores previamente determinados.
Não dou total razão nem aos meus amigos-que-detestam-carros-franceses e nem a clientes dessas marcas do centro da Europa, como se verá a seguir.
Ao ser avisado de que o superteste da vez seria feito à bordo do (já não tão) novo Logan lembrei das conversas técnico-etílicas com meus amigos. E confesso que fui psicologicamente preparado para odiar esse Renault concebido no leste europeu.
Pois o despretensioso sedanzinho tratou de me adoçar já ao tirá-lo de ré do longo corredor onde estava estacionado. Os grandes espelhos retrovisores, o volante preciso e a embreagem leve e também precisa me ajudaram a passar por aquela prova de habilitação de motoristas de double deckers londrinos.
Logo em seguida atravessei boa parte do agradável trânsito matinal de São Paulo: carros, ônibus e motoboys atacando por todos os lados. Mas o sedanzinho se esquivou bem de todos eles por ser, na verdade, pequeno por fora. Além do que, o power range do motor de 1.600 cc e oito válvulas parece ter sido calibrado pra isso: fugir de encrenca.
O para e anda inicial me deu tempo pra ver o bom acabamento interno, com destaque para o bonitíssimo estofamento dos bancos. Tudo muito funcional e lógico. O painel tem três mostradores redondos, sendo que o da direita abriga uma tela quadrada parecida com um velho monitor EGA de quatro cores da época dos PC AT-286. Apesar de bem visível e oferecer boa distração pra quem pega estrada (consumo instantâneo, autonomia, essas coisas), absolutamente não combina com os vizinhos velocímetro e contagiros, estes sim bem legais.
No mais, ótima ergonomia. Tudo no lugar certo e ainda tem os requintes da regulagem de altura do volante e do banco do motorista.A pedaleira correta permite o uso do punta-tacco e tem um quarto pedal estampado no assoalho. Bom dirigir assim.
Estrada não parece ser o habitat natural do Logan apesar do porta-malas gigante e do bom conforto à bordo. São dois os motivos que me levam a achar isso. Primeiro vem a calibração do algo ruidoso motor de 1600 cc e oito válvulas e do acelerador eletrônico. Como em todos os carros recentemente disponibilizados no mercado (disponibilizado é foda, mas vamos que vamos) a ECU se adianta à falta de deflexão no pedal do acelerador abrindo mais a borboleta do que o pretendido pelo motorista, passando uma impressão de bom torque e resposta do motor o que pode não ser necessariamente verdade. Defeito? De modo algum! É o futuro de todos os carros, o excesso de assistência. E depois vem a calibragem fina da suspensão, precisa pero no mucho como em quase todos os Fiat. Quem anda rápido e tem bom domínio de automóveis perceberá leves hesitações do carro quando em mudança de atitude (tal como fim de freada e inserção em curva). Mas pra quem foi feito, que é o cara que vai escolher entre ele, o Cobalt e o Prisma da GM e o Voyage da VW, tá de bom tamanho. Seu usuário típico não demanda desempenho esportivo e até aceita ter um motor de 1.000 cc, prezando mais a cada vez mais presente central multimídia e outros mimos tais como abertura remota do porta-malas e tampa do combustível, cruise control, acionamento elétrico dos retrovisores, etc, etc e etc.
Falando assim parece que o Logan é ruim. Mas não é! É incapaz, claro, de acompanhar uma Ducati de 1.000 cc em estradas com curvas de alta velocidade se o piloto da Ducati não deixar. Mas é só ele ficar cansado que o atrevido Renault, que trata bem do motorista com ótima posição de pilotagem e temperatura agradável o tempo todo, o alcança.
Veredito final: me vê um branco com motor 1.600 cc, ar condicionado e sem central multimidia faz favor!
(c) Irineu Desgualdo Jr.
Mas não é isso que um usuário comum percebe. Esse vai lá, compra o carro e se vale de uma longa garantia e de revisões com valores previamente determinados.
Não dou total razão nem aos meus amigos-que-detestam-carros-franceses e nem a clientes dessas marcas do centro da Europa, como se verá a seguir.
Ao ser avisado de que o superteste da vez seria feito à bordo do (já não tão) novo Logan lembrei das conversas técnico-etílicas com meus amigos. E confesso que fui psicologicamente preparado para odiar esse Renault concebido no leste europeu.
Pois o despretensioso sedanzinho tratou de me adoçar já ao tirá-lo de ré do longo corredor onde estava estacionado. Os grandes espelhos retrovisores, o volante preciso e a embreagem leve e também precisa me ajudaram a passar por aquela prova de habilitação de motoristas de double deckers londrinos.
Logo em seguida atravessei boa parte do agradável trânsito matinal de São Paulo: carros, ônibus e motoboys atacando por todos os lados. Mas o sedanzinho se esquivou bem de todos eles por ser, na verdade, pequeno por fora. Além do que, o power range do motor de 1.600 cc e oito válvulas parece ter sido calibrado pra isso: fugir de encrenca.
O para e anda inicial me deu tempo pra ver o bom acabamento interno, com destaque para o bonitíssimo estofamento dos bancos. Tudo muito funcional e lógico. O painel tem três mostradores redondos, sendo que o da direita abriga uma tela quadrada parecida com um velho monitor EGA de quatro cores da época dos PC AT-286. Apesar de bem visível e oferecer boa distração pra quem pega estrada (consumo instantâneo, autonomia, essas coisas), absolutamente não combina com os vizinhos velocímetro e contagiros, estes sim bem legais.
Mostradores legais e tela EGA de PC antigo
No mais, ótima ergonomia. Tudo no lugar certo e ainda tem os requintes da regulagem de altura do volante e do banco do motorista.A pedaleira correta permite o uso do punta-tacco e tem um quarto pedal estampado no assoalho. Bom dirigir assim.
Estrada não parece ser o habitat natural do Logan apesar do porta-malas gigante e do bom conforto à bordo. São dois os motivos que me levam a achar isso. Primeiro vem a calibração do algo ruidoso motor de 1600 cc e oito válvulas e do acelerador eletrônico. Como em todos os carros recentemente disponibilizados no mercado (disponibilizado é foda, mas vamos que vamos) a ECU se adianta à falta de deflexão no pedal do acelerador abrindo mais a borboleta do que o pretendido pelo motorista, passando uma impressão de bom torque e resposta do motor o que pode não ser necessariamente verdade. Defeito? De modo algum! É o futuro de todos os carros, o excesso de assistência. E depois vem a calibragem fina da suspensão, precisa pero no mucho como em quase todos os Fiat. Quem anda rápido e tem bom domínio de automóveis perceberá leves hesitações do carro quando em mudança de atitude (tal como fim de freada e inserção em curva). Mas pra quem foi feito, que é o cara que vai escolher entre ele, o Cobalt e o Prisma da GM e o Voyage da VW, tá de bom tamanho. Seu usuário típico não demanda desempenho esportivo e até aceita ter um motor de 1.000 cc, prezando mais a cada vez mais presente central multimídia e outros mimos tais como abertura remota do porta-malas e tampa do combustível, cruise control, acionamento elétrico dos retrovisores, etc, etc e etc.
Falando assim parece que o Logan é ruim. Mas não é! É incapaz, claro, de acompanhar uma Ducati de 1.000 cc em estradas com curvas de alta velocidade se o piloto da Ducati não deixar. Mas é só ele ficar cansado que o atrevido Renault, que trata bem do motorista com ótima posição de pilotagem e temperatura agradável o tempo todo, o alcança.
Veredito final: me vê um branco com motor 1.600 cc, ar condicionado e sem central multimidia faz favor!
Os carrinhos franceses são mais frágeis, mas proporcionam belas surpresas...
ResponderExcluirComo vc falou, frances nem dado.....
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