terça-feira, 30 de junho de 2015

Tonneau

Essa manobra, o tonneau, é da aviação acrobática. Mas pode acontecer em outras áreas. Eu mesmo já dei alguns desses de moto ou descendo escadas molhadas.

Mas o da sequência a seguir, fantasticamente capturada pela lente do Vitor Lara (boxnews.com.br), aconteceu no autódromo de Pinhais, perto de Curitiba.

Uns arranhões na carroceria, talvez a suspensão desalinhada e... fosse eu pilotando, nem parava pra nada.

O Vitor me disse que a câmera tava no modo manual. Modo manual é foda! Acredito que o foco tava no modo contínuo. Só isso de automação. O resto deveu-se à boa regulagem prévia da câmera.

Alá que legal:









































terça-feira, 9 de junho de 2015

A gasolina

No meio do século passado as moléculas se auto-explicavam (autooexplicavam, autoeexplicavam... hífens não são auto-explicativos). Ainda por cima tentavam ser simpáticas. Se bobear, nem poluir, poluíam.

Pra quem tem curiosidade, o processo petroquímico do craqueamento do petróleo é bem explicado nesse video.

Enjoy

Kerouac



Foto: R. Zaim



'Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes.
Os criadores de caso. Os pinos redondos nos
buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas
de forma diferente. Eles não curtem regras.
E não respeitam o status quo. Você pode citá-los,
discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los.
Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los.
Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana
para a frente. E, enquanto alguns os veem como loucos,
nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas
o bastante para acreditar que podem mudar o mundo,
são as que o mudam.'

Jack Kerouac, "Bilhete para Thoreau" (1969)

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Eu vou tirar você deste lugar

Sim, sim, Odair José. Era brega, eu lembro, mas não faz muito tempo tinha video dele num auditório famosão de São Paulo, momentos antes duma mega banda boa tocar.

E não é que fizeram um disco-tributo a Odair José?
Paulo Miklos, Pato Fu, Zeca Baleiro e mais quinze neguinhos (ou bandinhas) que nunca tinha ouvido falar interpretam hits bregas, mas revestidos de versões novas e bem legais.



Vale a pena.

THE WOLFGANGS


Mais Romenos


Foto: divulgação

A primeira impressão é a que fica. Horrível começar um texto, qualquer que seja, usando um clichê, mas é assim que as coisas funcionam no mundo real. Mas no que isso se aplica quando o assunto é o Renault Duster que me acompanhou por mais de 700 km em dois dias?

É o que veremos mais adiante.

Que tal atacar curvas de rodovias bem pavimentadas absolutamente sem tráfego que passam por locais belíssimos quase do mesmo jeito que fazemos com um kart numa pista, só que a bordo de um SUV?

Sim, eu sei que o carro não foi feito exatamente para essa finalidade. Mas é absolutamente possível guiar o Renault Duster, aka Dacia Duster, originalmente produzido na Romenia, como se fosse um pocket rocket. O acerto das suspensões e do freio botam fácil um sorriso enorme na cara de quem pratica pequenas travessuras ao volante. Especialmente em descidas de serra.

Alto, tanto em distancia livre do solo como do teto ao chão, equipado com pneus de uso misto do tipo mud and snow e com aparência parruda, não inspira confiança. De dentro do Duster dá pra encarar ocupantes de pickups médias e grandes de igual pra igual. Não é pouca coisa, isso, na guerra do trânsito. Mas a carroceria praticamente não apresenta roll ou pitch. Notável, isso.

Não falei do yaw, ainda.

Agora eu falo. Mesmo provocando saídas de traseira no modo hard, ou seja, inserindo bruscamente a frente do carro em curva, tirando de uma vez o pé do freio sem afundá-lo imediatamente no acelerador a traseira do carro assume um discretíssimo ângulo de deriva. Ou seja, nada de yaw. Notável, mais uma vez. Não há diferença de atitude no molhado. Trata-se de um carro dinamicamente seguro e à prova de barbeiragens.

A única anotação que faço ao excelente e surpreendente ride do carro é o pouco curso (para baixo) das suspesões. Em qualquer pulinho alcança-se o down stop e as rodas motrizes perdem tração. Não sei se o Duster é projeto exclusivo ou se deriva de algum outro produto como o Sandero, que não tem nenhum apelo off road, mas me pareceu que as suspensões originalmente trabalham com menor altura em relação ao solo e foram levantadas posteriormente, do mesmo jeito que a Fiat fez com a peruinha Palio Adventure.  

Como já disse, o carro é divertidíssimo morro abaixo. Mas é um SUV pesado. São 1.200 kg em ordem de marcha (abastecido com todos os líquidos menos o combustível). A isso soma-se o peso do combustível, dos ocupantes e suas tralhas. Usamos sempre a tralha-padrão, que compreende algumas mochilas com equipamento fotográfico, um fotógrafo e outras mochilas com roupas. O K4M, 1.600 cc de duplo comando e 16 válvulas que equipa a unidade que usamos já é velho conhecido. Equipou Clios, Sanderos, Logans, Kangoos e mais alguns que devem ter me fugido da memória.

Foto: divulgação.

Esqueçamos o Duster por alguns momentos e imaginemos um Scania, o caminhão.

- O caminhão?

- É. O caminhão.

Ele tem um motor grandão a diesel que tem, sei lá, 500 hp.

- Ah! Mas se tem 500 hp a gente bem podia fazer um upgrade nele, trocando o motorzão barulhento e fumarento por um Cosworth de Fórmula Um. Tem até mais potência que isso e o barulho é muito mais legal.

É, mas não tem tanto torque e a distribuição dele na faixa útil de giro não favorece o transporte de cargas pesadas. O motorzão diesel do caminhão já tem bastante torque desde a marcha-lenta e o Cosworth vai ter torque suficiente pra mover muitas tonelas só quando o ponteiro do contagiros estiver já próximo da faixa vermelha. O power band do Cosworth é estreito, ao contrário do motor diesel do caminhão, que oferece torque abundante em qualquer faixa de rpm.

É mais ou menos o que acontece com o motor do Duster que experimentei. Ficaria excelente montado num Fórmula 3. É potente e vivo, mas só acima de 4.000 rpm. Abaixo disso parece ter tanto torque quanto qualquer motor de 1.000 e quatro cilindros desatualizado (os modernos de três são empolgantes). E o escalonamento do câmbio deixa alguns buracos entre as cinco marchas. Tem-se que elevar muito o giro do motor para que a próxima marcha encontre algum torque, o que não é confortável.

Soma-se a isso uma assistência hidráulica que varia de não muito leve em manobras até quase tão dura em velocidade quanto direção sem assistência nenhuma. Fosse esse um fator isolado, passaria batido.

Mas...

Ainda tem a ergonomia. Tenho que avisar que já sofrí vários acidentes e quebrei vários ossos do corpo e não me encaixo bem em qualquer cockpit. Tem os maravilhosos (Audi A3, VW up!, meu velho BMW) e tem os não tão bons. A ergonomia do Duster não é tão boa.

Tudo isso junto torna o carro cansativo em longos stints. E cansativo também no trânsito, já que não basta apenas soltar o pé da embreagem para o carro começar a se mover. O motor não tem torque suficiente pra isso.

No mais, tem os aspectos que não considero tão importantes como o acabamento geral do carro externa e internamente, gadgets e equipamentos. Como tem gente que dá mais valor a isso do que aos aspectos dinâmicos do carro, deixo aqui meu elogio ao sistema de multimídia com touch screen. Bacana, funcional e intuitivo. Consegui fazer tudo que eu quis, menos parear o telefone. Mas isso é questão de gosto pessoal porque não gosto de ser incomodado quando estou dirigindo.

Foto: divulgação

Tem uma brincadeira legal que se pode fazer com o Duster e com qualquer outro carro que tenha câmera de marcha-à-ré: pode-se trafegar de ré no meio de carros estacionados olhando pra a frente sem risco de esbarrar em nada e nem atropelar ninguém. Treinando um pouco dá pra manter a postura ereta, não virar a cabeça em direção ao meio do painel (onde está a tela) e usar mais a visão periférica do que olhar diretamente. É divertido ver a expressão de espanto das pessoas do lado de fora.

O painel é correto, sem nada que chame a atenção por ser muito bom ou muito ruim, exceto o mostrador do computador de bordo, cuja tela lembra muito os primeiros monitores coloridos EGA para computadores. Tudo o que é possível de se comandar está contido em três pequenas alavancas atrás do enorme volante, que é revestido em couro e cuja costura não é feita com o mesmo fio fino e delicado do meu velho BMW, e sim com algo similar a um barbante de sisal, o que me incomodou pra caralho um pouco.

Os bancos são revestidos em couro e tem duas cores: cinza e marrom. Esteticamente agrada bastante a daltônicos, especialmente aos que não distinguem a cor marrom. Mas isso é questão de gosto pessoal.

Tive a oportunidade de andar no banco de trás e achei o espaço exíguo para pessoas do meu porte (lembrando que tenho o tamanho padrão adotado na Alemanha para estudos ergométricos). O banco do motorista pode ser ajustado na altura. Mas apenas a parte traseira do assento sobe e desce, uma vez que há movimento pivotante nos suportes dianteiros. O banco não sobe e desce sem estragar a regulagem do encosto, que não é milimétrica. Ou seja, além do carro não ser ergonômicamente correto (pelo menos para mim), o ajuste do banco não é rápido e nem muito fácil.

Se me perguntarem se gostei do carro, eu responderia que gostei sim, mas "mais romenos". A estabilidade dele me encantou mas esse brilho foi empanado pelo motor pequeno e beberrão demais e pela ergonomia.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Audi versus Mercedes

Eu sei que faz tempo, que pedir pras pessoas lembrarem de fatos acontecidos no passado pode ser uma tarefa árdua, mas pra ajudar tão aqui minhas impressões sobre o Audi A3-tão-vermelho-quanto-meu-velho-BMW.

Usamos esse mesmo carro pra outra tarefa e...

Foto: Gustavo Epifanio


Mais um superteste de moto, mais um apoio feito pelo excelente e vermelhíssimo Audi A3, que quase cheguei a considerar como meu segundo carro.

Dia feio, cinzento, enevoado e chuvoso na Piaçaguera, a caminho da BR-101. Já tínhamos amargado uma operação comboio* na rodovia dos Imigrantes.

Os enormes pneus de 225 mm de largura fazem supor, pra quem está familiarizado com o assunto "carro", que o Audi aquaplana fácil. Não é isso o que acontece pois os ótimos pneus Pirelli que o equipam drenam o filme de água com competência. E eu já tinha dito num post anterior que a estabilidade do carro é fantástica. E é mesmo. A posição relativa das rodas é tão firme que não se nota no volante qualquer tendência a virar mesmo estando uma roda só lutanto pra vencer o aquaplaning e a outra ainda firmemente conectada com o asfalto molhado.

Voltando à Piaçaguera, pouco depois das refinarias (horríveis) de Cubatão, um acidente na pista contrária à que estávamos. Diminuí a velocidade tomando o cuidado de: a) não fazer isso bruscamente, b) manter sob controle os carros que vinham atrás, e, c) deixar um bom espaço para o carro que ia à frente. Como já estava andando com os faróis ligados, não acionei o pisca-alerta, o que inclusive é proibido. Pisca-alerta, só com o carro parado. Um olhada no retrovisor, e tinha um só carro bem afastado do Audi, na pista esquerda, e alguns caminhões na pista da direita. Como já estava quase parado e com bons 50 metros ainda até encostar no carro que ia à frente, deixei o Audi rolar no creeping do câmbio. Mais uma olhadinha no retrovisor, E TINHA UM CAMINHÃO MERCEDES VELHO FAGOCITANDO O AUDI!

Não sei por qual motivo o motorista desse velho Mercedes saiu da pista da direita, me deixando quase sem opção de fuga. Acelerei e virei mais para a esquerda. Só que o motor do Audi é turbo e tem um pequeno lag entre o comando no pedal do acelerador e a efetiva contrapartida, que é o movimento do carro. Especialmente estando em idle. Na verdade, na situação de quase repouso que o carro estava era necessário que ocorresse: 1) total acoplamento da embreagem, 2) interpretação do comando do sistema de acelerador by wire QUE É PRA DAR NO PÉ IMEDIATAMENTE, e, 3) inércia máxima dos gases de escape e da turbina, o que não tava acontecendo, já que o motor tava em marcha-lenta.

Ainda conseguimos salvar o sistema Anchieta-Imigrantes de mais um engavetamento, pelo menos. Mas o Audi teve seu paralamas traseiro esquerdo bastante danificado. E ganhamos, tanto eu quanto o fotógrafo, torcicolos legais.

Superteste abortado, claro. Boletim de ocorrência feito, paralamas desamassado com pé-de-cabra e Audi rumo à oficina.



N. do A.: Operação comboio: é uma operação feita pela polícia rodoviária antes da descida da serra na Rodovia dos Imigrantes, que liga São Paulo ao litoral paulista em dias com pouca visibilidade por causa de nevoeiro. A rodovia é fechada, agrupam-se vários carros e motos e esse grupo é liderado por uma viatura, a baixa velocidade, até a baixada santista.



No blog do Teste dos 100 Dias da revista Carro tem minhas impressões sobre alguns carros. Vão lá, vasculhem, leiam e interajam por lá mesmo. Por aqui também pode. E por aqui tá tudo liberado, que o OIF não é politicamente correto.





Crumb, Robert



Quem cresceu vendo Teletubbies quando era pequeno certamente vai achar jurássico, temporalmente deslocado, descabido e até moralmente ofensivo o filme youtúbico cujo link tá mais pra baixo um pouco.

Mas esse cara, o Robert Crumb, foi um dos precursores da contra cultura e certamente o precursor dos comics modernos. Não vou escrever laudas e mais laudas sobre o cara por dois motivos: 1. já fizeram isso, e, 2. já fizeram isso melhor do que eu poderia fazer.

Tá em inglês, claro, que inglês deve ser falado até lá pros lados da constelação de Canis Major.

(Se eu botasse Cão Maior, iam achar que eu tava de sacanagem, claro)

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Achei um texto legal (e esse filme) sobre R. Crumb neste blog aqui.



Na internet tudo é retuitável. Tem-se que dormir com isso...


Fun is back

Inacreditavelmente, mesmo após ter matado* o OvertakingIsFun, continuaram visitando-o regularmente. Thank God a audiência foi menor do quando eu o abastecia regulamente com dispensáveis textos, fotos, filmes ou eu me sentiria absolutamente dispensável. Mas constato com alegria que sou apenas relativamente dispensável.

He he he...

Então, apesar de ter registrado domínios com nomes mais engraçados e cosmogonicamente* mais adequados, volto a postar no OIF crônicas, textos aleatórios, piadas visuais, impressões sobre carros, motos e coisas que experimento (lícitas, as coisas, claro).

Divirtam-se, e boa sorte. Sempre.



Glossário

*Matado: na língua Portuguesa existem os particípios regulares (longos) e os irregulares (curtos). E exitem verbos que admitem apenas uma forma, como é o caso do verbo matar. No caso acima a forma irregular não tem cabimento. Mato é uma coisa e matado é outra. Isso não tem absolutamente a menor relevância neste contexto. Acredito que fora do ENEM e do vestibular, também não.

*Cosmogonicamente: termo que inventei agora. Me "venderam" o conceito de cosmogonia na faculdade como sendo relacionado à visão de mundo (das micro sociedades que foram nosso objeto de estudo mas isso é longo e chato demais pra explicar aqui) mas na verdade tá mais relacionada à explicação da origem do universo segundo diferentes culturas ou religiões. Virtualmente dá no mesmo saber ou não o significado disso porque a palavra 'cosmogonicamente' não existe.