Os bonitões da foto (Tite no comando do obturador, sempre) são meu Fiat 147 azul tirreno, eu e minha espingarda de pressão.
A vez hoje é desse 147, sempre aparentemente sujo e mal cuidado mas extremamente bem acertado e sempre pronto pra estrepolias em pistas de corrida ou fora.
Corria o ano de 1979 e um amigo meu iria participar do Campeonato Brasileiro de Viaturas de Turismo na categoria Divisão Um, Classe A, para carros de até 1.300 cc. Não preciso dizer que à época só tinha fusca e Fiat aptos a participar.
Fusca 1300? Pffff....
147, então.
Esse 147 azul tirreno sempre foi um carro divertido. Divertido primeiro porque era novidade à época. Ainda mais porque era extremamente simples, a sua mecânica. Tanto, que eu fazia os acertos necessários em casa mesmo: altura da frente, bastava tirar os telescópicos e levar alí na oficina da esquina pra tirar as molas. Daí a serrar uns elos era coisa simples. De volta pra deixar o mecânico montar as torres, e remontar em casa mesmo a suspensão. A traseira era ridiculamente mais fácil de mexer: bastava aumentar os calços em cada ponta do feixe de molas transversal.
Motor então, nem se fala. Como era novidade, os preparadores sérios ainda estavam tateando no acerto, o que era uma vantagem pra quem não tinha lá muita muito equipamento (e vá lá, conhecimento técnico). Descobrí logo como fazer o pequeno motorzinho ganhar mais algumas rpm e mais força com ajustes simples no carburador, com uma outra curva de avanço no distribuidor (e um tantinho mais de dwell, ou, tempo de carga da bobina) e um escapamento sem nenhum tipo de silenciador.
Andava super bem, o carrinho.
Fiz também umas mudanças dentro do carro. Botei bancos mais baixos na frente e conseguí "desinclinar" a coluna de direção, deixando o cockpit mais parecido com o de carros alemães, exceção feita à Kombi, à qual se assemelhava o posto di guida do pequeno Fiat.
No mais, um bom contagiros instalado na capa da coluna de direção (quase tapando os dois mostradores originais), e pneus outlaw Pirelli CN36 5 estrelas na medida 165/70R13.
Suficiente pra garantir muita diversão em Interlagos.
Nessa época tinha bastante gente preparando os pequenos Fiats pra participar de corridas, como eu disse. O meu amigo lá de cima era um. E o Expedito Marazzi era outro.
O Fiat vermelho do Expedito já estava caracterizado como carro de corridas com o rollcage instalado e com números pintados na carroceria. O meu azul tirreno, não. Afinal, era usado pra me levar pra faculdade, pra viagens e também para levar os instrumentos de meus amigos rockeiros pra onde quer que eles fossem (cabe bastante coisa dentro de um 147 se rebatido o banco traseiro e retirado o dianteiro direito).
Numa dessas mágicas tardes de quarta-feira, durante uma das aulas do Curso Marazzi de Pilotagem, eu estava nos boxes vendo o Expedito andar com seu 147 vermelho. Meu amigo que ia correr, também. Só que, como já disse, seu 147 cinza ainda estava sendo montado.
Ficamos então imaginando qual dos 147 seria melhor. O azul tirreno, "preparado" em casa por mim mesmo, ou o vermelho, já com jeitão de carro de corrida.
Não se fazendo de rogado, meu amigo catou meu 147, sempre pronto pra mostrar serviço, e foi à caça do Expedito.
He he he...
Azul tirreno wins. Era quase um segundo por volta mais rápido que o racer do Expedito.
Claro que a explicação pra isso era o fato de vários preparadores ainda estarem tateando no acerto dos carros, como foi o caso do carro do Expedito nesse dia, e as modificações que eu fiz eram sutís, sem a intenção de explorar o máximo potencial do carro e naquele dia específico, mais eficazes.
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