quinta-feira, 31 de maio de 2012

Bad, bad, bad


Um desperdício ver um carro legal ser tão mal pilotado, não? Quase tão ruim quanto esse imbecil aqui.

Rally ou autorama?

BMW M3 E36 de rally no interior da Alemanha (acho). Mas podia ser uma pista de autorama também.

Rat!

Rodders não fazem distinção entre rat rod e hot rod. É tudo hot rod. Ou custom, quando tá mais, digamos, "pronto".

Esse aí é, então, um hot rod. Mas pode chamar de rat mesmo.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Bizarro

Chegar andando, estacionar, desmontar, remontar, ligar e ir embora. Absolutamente possível:

Delta



Já devem ter falado bastante desse carro até hoje. Eu também, mas não lembro. De todo modo, tem um texto decente sobre ele no excelente Autoentusiastas.

Mas isso é relevante: 1 - o Ricardo Divila tá enfronhado no projeto, uma vez que o carro usa um motor Nissan 1.600 cc, turbo, 2 - O comentário de um cara chamado Darren Cox, envolvido até a medula espinhal no projeto, já vale um post: "Se você não erra de vez em quando, não está se esforçando o suficiente. Veja a Audi em Le Mans no ano passado, um programa milionário, uma década de conhecimento e os melhores pilotos. Dois carros estavam fora da prova à meia-noite. Eles tinham três balas na pistola, nós temos uma. Basta um dentista alemão em um Porsche virando em cima de nós na hora errada e estamos fora da corrida. Essa é a beleza de Le Mans.", e, 3 - Ben Bowlby, funcionário da Ganassi (que inclusive compete na F Indy) e mentor do Delta Wing, acha que os regulamentos vigentes nas várias categorias de automobilismo são muito restritivos e tendem a tornar todos os carros de corrida muito parecidos.

Claro que a relevância do parágrafo anterior não está em ordem hierárquica. Importante, mesmo, é a observação do Mr. Bowlby, que coincide exatamente com a minha visão do automobilismo atual: a tendência é fazer campeonatos com pacotes técnicos tão chatos e engessados quanto os de campeonatos de kart indoor. Só tá faltando mesmo sortearem os carros e providenciarem um esquema de troca de carro durante o qualifying.

Mas... alá o carro andando:



Tirando demais detalhes técnicos, que estão no ótimo texto publicado no Autoentusiastas, esse carro tenta justificar outra vez a participação de fabricantes em corridas de carro: usa um motor derivado de carro de rua, pequeno e turbo comprimido, que aliás é o futuro para carros de rua.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Mônaco (de dentro do apê)

Essa foi a batida do Perez, Sergio (Sauber) em Mônaco, vista por ele mesmo:


E foi assim que viram o que sobrou do carro dele da sacada de um apê qualquer do Principado:



GP3, Monaco

Não vi, mas deve ser legal ver corrida onde aerofólio traseiro não é tão importante. O cara que tava liderando, Conor Daly, (e acabou servindo de rampa de lançamento) até que tava indo direitinho sem a asa traseira...

Rush!

Filme novo sobre corrida de carro a ser lançado brevemente. Vai ser legal mesmo com a produção "a custo razoável", como ressalta o diretor.

Se for legal mesmo, fará parte da minha pequena videoteca: Grand Prix, 24 Horas de Le Mans e Blade Runner.

Alá:


Comentar o filme é chover no molhado a essa altura, mas trata-se do campeonato mundial de F1 de 1976, ano em que o Niki Lauda quase foi flambado definitivamente. Foi um bom ano, aquele. 

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Puma & moda


Pumas sempre foram carros bonitos. Especialmente os que tinham motor VW a ar e fabricados entre 1976 e meados de 1980. Não por acaso, tenho um desses.

Por mim, é um design que não comporta modificações a menos que muito bem estudadas e executadas. Deixemos então o carrinho lindo no modo original de fábrica que a chance de errar é inexistente.

Mas sempre tem a moda do momento na questão da modificação de um carro que, em última análise, pode ser idêntico ao do vizinho.

Foi o caso do Puma da foto aí de cima, cedida pelo Felipe Nicoliello, dono do Puma Classic, referência em Pumas no mundo todo, quiçá no universo e além.

Esse GTE, provavelmente de 1977, está equipado com rodas de aro 13, provavelmente de 6 polegadas de largura na dianteira e 8 polegadas na traseira além de pneus Pirelli CN 36 na medida 175/70R13 na traseira (na frente provavelmente também - a foto não tem definição suficiente). Bem condizente com o que se fazia na época. Além do quê, o carro tem teto solar Karmann Webasto. Não sei por que mas algo me diz que ele tem toca-fitas TKR (o da cara preta), amplificador Tojo e tweeters Selenium, daqueles retangulares, também.

Diferente? Sim! 

Legal? Também!

Pegaria placa preta hoje? Não!

Basicamente por causa das rodas, vejam vocês...


Nordschleife


Nürburgring muda a vida das pessoas. Das pessoas que tiveram a oportunidade de pilotar lá, quero dizer. Profunda e irreversivelmente, é o que parece.

Fico imaginando se a descarga de adrenalina acima do normal comum à primeira andada em qualquer circuito não ajuda a decorar o approach das 154 curvas do traçado no formato atual dessa pista.

A ver, isso, ainda nessa encarnação e de preferência à bordo de um BMW. Pode ser de quatro cilindros, até.

L.O., degustador profissional de automóveis manda a dica deste blog. Paddy McGrath, o cara que escreveu o texto, alega não encontrar palavras na sua língua nativa pra descrever o local.

A ver isso, também.

De todo modo, tem várias fotos legais e um pouco da história da meca dos petrol heads.

Update

(na pressa esqueci de transcrever a melhor parte do texto do cara)


"Throughout the course of the N24, I spoke with as many people I could about the impact the 'ring has on you'. Nine times out of ten, people could do nothing but exhale and shake their head. We can only try to convey the Nordschleife to you, but if you to know what its really like, you need to come here and pay homage to the automotive Gods.


You should probably do this sooner rather than later too. Although Rod doesn´t agree with me, I honestly believe that the public being allowed access to the Nordschleife are coming to an end. Don´t get me wrong, if this happens it will be one of the greatest injustices to ever be carried out on the automotive world. It´s just that in this health and safety world gone mad, it´s only a matter of time before some Prius driving do-gooder tries to get the place shut down. It´s too dangerous they´ll say. It´s hurting the environment they´ll cry. You just know it´ll be the same people who move next to a race circuit which has been in place for many years before and then complain about the noise."


Irado isso, diria minha filha.

Whitaker, Amanda

Essa moça:


Guia desse jeito:




Update meio rápido.

Na sequência dos videos da mocinha tinha esse, de 2009:


Ah, coitadinha! E que imbecil o cara que alicatou o freio bem na frente dela, não? Mas já deve estar tudo bem, espero. Foi a perna direita que machucou. Justo a direita!



This I like

Inacreditável!

This I like

This I like

terça-feira, 22 de maio de 2012

147, 1050


Os bonitões da foto (Tite no comando do obturador, sempre) são meu Fiat 147 azul tirreno, eu e minha espingarda de pressão.

A vez hoje é desse 147, sempre aparentemente sujo e mal cuidado mas extremamente bem acertado e sempre pronto pra estrepolias em pistas de corrida ou fora.

Corria o ano de 1979 e um amigo meu iria participar do Campeonato Brasileiro de Viaturas de Turismo na categoria Divisão Um, Classe A, para carros de até 1.300 cc. Não preciso dizer que à época só tinha fusca e Fiat aptos a participar.

Fusca 1300? Pffff....

147, então.

Esse 147 azul tirreno sempre foi um carro divertido. Divertido primeiro porque era novidade à época. Ainda mais porque era extremamente simples, a sua mecânica. Tanto, que eu fazia os acertos necessários em casa mesmo: altura da frente, bastava tirar os telescópicos e levar alí na oficina da esquina pra tirar as molas. Daí a serrar uns elos era coisa simples. De volta pra deixar o mecânico montar as torres, e remontar em casa mesmo a suspensão. A traseira era ridiculamente mais fácil de mexer: bastava aumentar os calços em cada ponta do feixe de molas transversal.

Motor então, nem se fala. Como era novidade, os preparadores sérios ainda estavam tateando no acerto, o que era uma vantagem pra quem não tinha lá muita muito equipamento (e vá lá, conhecimento técnico). Descobrí logo como fazer o pequeno motorzinho ganhar mais algumas rpm e mais força com ajustes simples no carburador, com uma outra curva de avanço no distribuidor (e um tantinho mais de dwell, ou, tempo de carga da bobina) e um escapamento sem nenhum tipo de silenciador.

Andava super bem, o carrinho.

Fiz também umas mudanças dentro do carro. Botei bancos mais baixos na frente e conseguí "desinclinar" a coluna de direção, deixando o cockpit mais parecido com o de carros alemães, exceção feita à Kombi, à qual se assemelhava o posto di guida do pequeno Fiat.

No mais, um bom contagiros instalado na capa da coluna de direção (quase tapando os dois mostradores originais), e pneus outlaw Pirelli CN36 5 estrelas na medida 165/70R13.

Suficiente pra garantir muita diversão em Interlagos.

Nessa época tinha bastante gente preparando os pequenos Fiats pra participar de corridas, como eu disse. O meu amigo lá de cima era um. E o Expedito Marazzi era outro. 

O Fiat vermelho do Expedito já estava caracterizado como carro de corridas com o rollcage instalado e com números pintados na carroceria. O meu azul tirreno, não. Afinal, era usado pra me levar pra faculdade, pra viagens e também para levar os instrumentos de meus amigos rockeiros pra onde quer que eles fossem (cabe bastante coisa dentro de um 147 se rebatido o banco traseiro e retirado o dianteiro direito).

Numa dessas mágicas tardes de quarta-feira, durante uma das aulas do Curso Marazzi de Pilotagem, eu estava nos boxes vendo o Expedito andar com seu 147 vermelho. Meu amigo que ia correr, também. Só que, como já disse, seu 147 cinza ainda estava sendo montado.

Ficamos então imaginando qual dos 147 seria melhor. O azul tirreno, "preparado" em casa por mim mesmo, ou o vermelho, já com jeitão de carro de corrida.

Não se fazendo de rogado, meu amigo catou meu 147, sempre pronto pra mostrar serviço, e foi à caça do Expedito.

He he he...

Azul tirreno wins. Era quase um segundo por volta mais rápido que o racer do Expedito.

Claro que a explicação pra isso era o fato de vários preparadores ainda estarem tateando no acerto dos carros, como foi o caso do carro do Expedito nesse dia, e as modificações que eu fiz eram sutís, sem a intenção de explorar o máximo potencial do carro e naquele dia específico, mais eficazes.


Apokalyptica mit Jandová, Marta

Hören

Schau

Shankar, Anoushka

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Fibra!

Remendos em fibra de vidro são relativamente fáceis de fazer (se eu consigo até fazer peças de fibra de vidro "do nada", qualquer um consegue).

Mesmo assim tem gente que leva Pumas ou outros carros feitos de fibra de vidro pra funileiros arrumarem. Esses caras não são os mais indicados pra remendarem paralamas, capôs e portas quebradas em batidas. Carros de fibra não amassam. Quebram.

Alá:


Esse aí em cima é um paralamas dianteiro de um Puma. A frente inteira quebrou numa panca, como vocês vão ver mais adiante. Pois o cara que o consertou entupiu essa parte do carro de massa plástica. O recomendado pelo fabricante do material que a gente usa é a deposição máxima de 2 milímetros de espessura. Digo "a gente" porque eu me meto a fazer isso de vez em quando.

Olha só o tanto que o cara aplicou nesse paralamas:


Deixei meu polegar aparecendo de propósito, mesmo com unha francesinha, porque ele tem mesmo uma polegada de largura (2,54 cm) pra dar a dimensão da espessura do material aplicado no remendo (mal) feito: mais de 2 cm.

A frente desse Puma quebrou legal. Alá:




A frente desse carro quebrou inteira, por dentro e por fora, na altura do anteparo dianteiro do tanque de gasolina. Típico, aliás, de porradas de frente nos Pumas.

Mas esse carro tá em boas mãos:

Deodato, da Sportdaf 





Smoke



Não consegui botar o video aqui. Mas o link é esse. Vão lá ver que é legal.

terça-feira, 15 de maio de 2012

BPW

Bayerische Propaganda Werke.

É. Os caras não sabem só fazer excelentes carros e motos. Sabem escolher boas "agênssas" de propaganda.

Alá:


Ah, sim. O carro. Vocês acham neste link aqui, com texto do Paulo Keller.

Carros artesanais

O cara não fez um carro. Fez quatro. QUATRO! Na casa dele, com a ajuda de um amigo engenheiro que traduziu as idéias e esboços em projetos. Mas a mão na massa quem botou foi o cara. Muito legal, isso.

(favor abstrair a musiquinha chata do video)

Vorsprung durch technik

Não, não, não! O título desse post não tem nada que ver com a Audi mas sim com a dica do backup brother Mansano #2 (ou seria #1?). Uns neguinhos tão desenvolvendo um gadget que "sente" diferentes tipos de toque. Alá o video:


Passei, lógico, a imaginar algumas possibilidades de utilização para essa tecnologia:

1. Se aplicado aos bolsos traseiros "das moça" em gafieiras e outros locais onde se promovem danças populares, previne passadas de mão não autorizadas ao acionar alarmes estridentes e/ou dispositivos de choque elétrico.

2. Se aplicado ao puta merda de um fusca, pode reduzir gradualmente a velocidade deste no caso do motorista não ter muita noção do que está fazendo. Também pode ser aplicado ao assoalho de qualquer automóvel para que os passageiros moderem de per si o condutor. (De per si é do caralho, não?)

3. Se aplicado a teclados de computadores, pode eliminar algumas teclas, como Caps Lock. Quem quiser escrever "gritando" pode simplesmente martelar o teclado com os dedos.

Alguém tem mais alguma sugestão?

On board. Em 1956

Mike Hawthorn, que seria campeão mundial de F1 em dois anos, à bordo de um Jag em Le Mans em 1956. O legal é a parafernália embarcada e em especial o microfone. Mais legal ainda são as estradas abertas ao tráfego normal, com bicicleta e tudo no caminho. Duvido que Hawthorn tenha passado a mais de um metro e meio das bicicletas...


A dica é do degustador profissional de automóveis que de vez em quando anda no Nordschleiffe, L. O.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Doin´ again


Esse video é bobinho, concordo. Só que esse trecho de estrada é ma-ra-vi-lho-so. Maravilhoso e me fez cometer uma pequena sandice. 

Mas quem não as comete de vez em quando?

Indo para Gramado a trabalho levando um tomógrafo (de bolso, porque cabia no porta-malas do meu carro) para uma exposição de sei-lá-o-quê, e acompanhado de uma das vendedoras da empresa que tinha a coragem de me manter na sua folha de pagamento (jamais vou entender isso), optei por seguir pela maledetta BR-116.

Na divisa do Estado de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul fica a cidade de Vacaria, que poderia facilmente ser chamada de Starting Line porque o traçado da estrada daí em diante e pelos próximos 40 ou 50 km é impressionantemente apto a desempenhos insanos. A região é belíssima, não passa carro nem caminhão por muuuito tempo, o asfalto é (era, pelo menos) muito bom e via de regra tem boa visibilidade adiante, o que permite usar a pista toda a despeito das faixas sinalizarem que não.

Pois percorrí uma pequena distância hasta adelante de Vacaria em velocidade civilizada. A certa altura parei no acostamento e tomei de volta o rumo de Vacaria. A moça que me acompanhava desatou a falar e falar mas não prestei atenção, preocupado que estava em anotar mentalmente os pontos de freada, redução de marcha e prováveis pontos de tangência.

Uma vez em Vacaria, apontei outra vez o capô do motor no rumo sul e...

Se tem uma coisa legal de fazer é inserir carros em curvas não planas, onde pode haver perda ou aumento instantâneo de grip no caso de começo de descida ou subida, respectivamente. Nesse trecho tem várias ocorrências disso.

Era difícil saber quem alcançava mais decibéis. Se os pneus atritando contra o asfalto gelado por conta do pálido sol de uma manhã de inverno, se o motor funcionando perto da faixa vermelha do contagiros ou se a coitada da vendedora da empresa, obviamente contrariada por chacoalhar no banco não adequado para desempenho esportivo segurando bolsa, garrafa d´água e outros objetos.

Nunca mais fiz isso na vida, juro.


terça-feira, 8 de maio de 2012

Baricentro

Se o baricentro ou centro de massa de um carro tá no traçado, que se dane (não é bem esse o termo, mas vá lá) o resto. Eu falava isso e arrancava gargalhadas do Expedito Marazzi, que por sua vez me chamava de equilibrista.

É que eu não tinha medo de andar escorregando com meu Gol nas corridas de Aspirantes.

Na época não tinha câmeras de video pequenas e adaptáveis facilmente dentro dos nossos carros, infelizmente.

Só que sem querer tropecei neste video.

Alá:


O cara ignora solenemente as traseiradas insistentes do Porsche 911 e o conduz com uma suavidade desconcertante. É bom, esse cara.

Tudo na vida perde absolutamente a importância quando a gente tá fazendo um carro escorregar controladamente.

De quebra, dá um show nas reduções de marcha usando punta-tacco com dupla debreagem, como deve ser.

A garimpagem fica, então, como presente aos meus amigos degustadores profissionais de automóveis. 

Y después de la bandera a quadros...


Tive um Speed 1600, aka fusca de corrida. Na época em que o grid tinha mais de 40 carros em todas as etapas do campeonato, lá pelo começo dos anos noventa. Era carro que não acabava mais. Meu recorde, tirando Mil Milhas, foi largar com mais 51 carros alinhados. E sem a viadagem de largar em movimento. Largava-se com os carros parados mesmo. Quem conhece Interlagos sabe que dos últimos lugares num grid grande não dá pra ver direito as luzes de largada ou a bandeira do diretor de largada.

E era lá no fundão que eu constumava largar. Ora porque o carro não funcionava bem na classificação, ora porque não descolava logo um vácuo pra me puxar. Mas era melhor assim. No fundão não tinha fiscal de largada. Pras primeiras filas tinha. Lá no fundão era meio sem lei.

Assim, ó:

Nesse filme aparecem dois dos três envolvidos. Melhor não dizer quem são.

E eu tinha um método de largada, meio beirando a ilegalidade, que sempre me catapultava pro meio do bolo não importando o meu motor quase standart ou os outros, eventualmente fora do regulamento e bem mais potentes. A regra, na época, dizia apenas que as rodas dianteiras não podiam estar além da marca no chão correspondente ao lugar de largada. Minha tática era andar uns 6 metros pra trás imediatamente antes da luz verde ser acesa (tinha que contar com a sorte e assistir todas as largadas das corridas anteriores pra sacar o tempo que o diretor de largada levava pra apagar a luz vermelha e acender a verde). Com o carro em movimento e desse modo já com a inércia quebrada, eu focava na luz vermelha. Apagada, eu cravava o pé no acelerador. Sempre deu certo de passar pela marca branca no chão exatamente ao acender a luz verde. Só que eu já estava no meio da primeira marcha e todo mundo ainda soltando a embreagem. Não era completamente ilegal mas também não era muito ético.

Numa das corridas deu tudo certo na largada, vários carros rodaram, bateram ou quebraram e lá pela décima ou décima-primeira volta eu tava andando no pelotão do décimo-segundo lugar. Ou seja, do mar de fuscas inscritos só tinha mais onze na minha frente.

Só que dentre esses carros que rodaram e voltaram à corrida tinha alguns que eram realmente bons. Melhores que seus pilotos. Que me alcançaram, lógico, depois de recuperados de suas rodadas.

Mas o problema nessa corrida foram dois pilotos com carros bons, como veremos a seguir.

Um deles tinha comprado o carro que tinha sido campeão na temporada anterior. Mas era um novato. Todo novato tem que passar por aprendizagem. O outro era preparado pelo seu próprio mecânico-piloto. E o mecânico tinha evoluído (ou roubado na preparação). O piloto, não.

Esse último foi o primeiro (dos dois problemáticos) a, digamos, não gostar de ter sido ultrapassado por mim. Foi na descida do Mergulho. Ví que o carro do cara tava traseirando muito e me preparei pra enfiar o bico por dentro quando ele aliviasse pra trazer o carro pra dentro no Mergulho. E assim fiz. Mas não tinha muito espaço e o cara acabou batendo na minha lateral direita. De leve, sem danos pra ninguém, fora o susto do cara.

Devia ser a penúltima volta.

Na última o segundo (dos dois problemáticos) passou pelo primeiro (dos dos problemáticos) e começou a crescer no meu retrovisor. E num lugar injusto pra mim, que era a subida do Café. Esse lugar não requer prática nem habilidade. É só trocar de marcha na hora certa que o motor faz tudo sozinho. Não existe curva do Café pra carro de pouca potência.

Tentei não dar lado nenhum para o cara me passar mas tudo tem limite. Ele conseguiu botar o carro por dentro e ia quase emparelhando comigo enquanto nos aproximávamos da entrada dos boxes, que é bem parecida com a proa de um navio. Foi o espaço que deixei pro cara. A proa do navio.

Não era exatamente assim. Não tinha a barreira de pneus antes.

Mas ele insistiu em enfiar o carro por lá e assim cruzamos a linha de chegada. Ele esfregando o carro no muro e batendo na lateral esquerda do meu carro. E eu sem virar o volante um milímetro sequer pra dar espaço pro cara.

Cruzada a linha, tirei o pé e fui pro meio da pista. Não ví o primeiro (dos dois problemáticos) me passando pelo meu lado direito. Pra falar a verdade, não ví mais nada. Minha preocupação imediata era o estribo que tinha amassado, subido e entrado pela janela, batendo de leve no meu rosto (ando de viseira levantada quase sempre). Eu tava tentando avaliar o tamanho do estrago e vendo se tinha desalinhado muito a suspensão dianteira. E andando devagar. Juro que não ví o primeiro me passando pela direita.

Avaliado o estrago, contornei o Senna e o Sol.

Adiante ví os fuscas dos pilotos problemáticos. Emparelhados, óbviamente se comunicando e vendo que era eu quem vinha atrás.

Apontei meu speed para o lado esquerdo da pista. Eles também.

Apontei então para o outro lado, quase na grama e enfiei o pé no acelerador, em terceira marcha. Ambos tentaram me bloquear no lado direito da pista, quase no posto dos fiscais de pista da entrada do Lago.

Não tive dúvida. Mirei bem entre os dois carros e fui. Um ficou lá mesmo e de lá não saiu mais. O outro deve ter conseguido se arrastar para os boxes.

O ataque é a melhor defesa, sempre. Eu é que não ia dar explicação pra ninguém lá nos cafundós do autódromo. Não ia parar de jeito nenhum na pista.

Não é necessário dizer que o tempo fechou nos boxes. He he he...

Eu saí escoltado do autódromo, largando o fusca, ferramentas e peças com meus amigos.

Fui seguido pelo carro dos mecânicos de um deles (até hoje não sei qual) por boa parte da Avenida Marginal. Só me livrei da perseguição porque tinha um carro mais rápido que o deles. Tirando isso, o bafafá ficou pela suspensão dos envolvidos, só. Como tem de ser.

Nenhum de nós se livrou da punição aplicada pela Federação. E nenhum de nós se livrou de ter que refazer praticamente inteiros os três carros.

Obviamente aproveitei pra trocar a cor e o número do meu, além de contratar um preparador competente que se encarregou do meu motor pra eu evitar largar do fim do grid.

Largar em fim de grid é quase certeza de encrenca durante a corrida quando a gente não pode dispor de um motorzão.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Pancas, Piquet e Pataquadas


Tooodo mundo comemorando os 20 anos da mega panca que o Nelson Piquet deu em Indy. Foi feio. De bico no muro e bem rápido Tem foto do casco dele quase tocando a parede, até. Moeu tudo. Infelizmente.

O melhor texto sobre esse fato é do Flavio Gomes. Vão lá ler.

Até escreví uma resposta mas não apertei "publicar comentário". Deixei pra botar aqui.

Alá:

Na boa, véi (he he he... odeio isso): data de acidente a gente não comemora nem celebra. A gente quer é esquecer. Depois de fazer knock knock knock on heaven´s door por conta de duas mega pancas que me roubaram 2 cm de altura, 35% da mobilidade do corpo e parte da minha sanidade mental (impossível de mensurar, isso), me dei o direito de só ler o título e rir muito.

Mas funciona assim mesmo. A gente acaba se acostumando à vida de sequelado. Dor vira rotina. E dependendo da sequela dá até pra continuar pilotando, que foi o meu caso. E se não desse, bastava reaprender como com o Alessandro Zanardi.

Ah, sim. A foto lá de cima é de propósito.

Tattoo

Pin up


Ou cêis pensam que é fácil ser pin up?

domingo, 6 de maio de 2012

Payback

Aqui se faz, aqui se paga.

Sam Hornish Jr. 1 X 1 Danica Patrick


1. (0:19) Sam Hornish Jr. (12) empurra Danica Patrick (7) para o muro. 

2. (0:28) Danica Patrick (7) pega o vácuo de Sam Hornish Jr. (12).

3. (0:32) Danica Patrick (7) encosta levemente na traseira esquerda de Sam Hornish Jr. (12).

4. (0:32,5) Sam Hornish Jr. (12) estampa o muro.

Acredito que esse revide seja recorde. Pelas minhas contas, 13,5 segundos desde a ofensa até a retaliação. Essa moça vai longe!

Update (quase tão rápido quanto a retaliação da moça):

Desculpinha esfarrapada do Sam Hornish Jr. Assim fica fácil escapar da ira de qualquer um. Bota-se a culpa num pneu gasto que foi posteriormente esfacelado no muro e na TPM da moça, ficando então tudo certo.




terça-feira, 1 de maio de 2012

Primeiro de Abril


Pra quem odeia o tema, dois posts. É muito. Esse é o último.

8 BA


Na década de 70 eu tinha uns amigos que eram rodders e não sabiam. Eles tinham carros legais, feitos na garagem de um deles. Eu achava que tinha carros mais legais porque eram novos.

He he he...

Eu não tinha idéia de quanto um 8 BA podia ser legal.


Sobre Fiats e carabinas

O título não tem nada a ver, como quase sempre. Dá um ar de filosofia barata, que também não é o caso. Mas acordei incomodado com o monte de referencias à morte do Ayrton Senna, do qual não sou "viúva", já vou adiantando. A redenção geral, já que estava em vias de começar a mandar todo mundo se ferrar mas não tão educadamente é devida ao Tite. Gente que morre é pra ser "chorada" no velório e olha lá. Daí em diante é pra celebrar, só. E de vez em quando.

Alá:

"Aquele primeiro de maio


É a primeira vez que escrevo sobre esse assunto: minha convivência com Ayton Senna. Na verdade a convivência foi bem pequena e reservada, porque os dois eram extremamente tímidos e vivíamos em lados opostos da cidade. Eu só via o Ayrton em dias de treinos e corridas no kartódromo de Interlagos, o que representava pelo menos uma vez por semana.

Quando comecei a freqüentar o kartódromo, em 1975, Ayrton já era praticamente um veterano. Já tinha vários títulos e todo mundo ali sabia que ele era um fenômeno na pilotagem e no acerto do equipamento. Só não era – nem nunca foi – muito paciente.

A primeira vez que vi Ayrton pilotando foi inesquecível. Assim que cheguei ao kartódromo, meu amigo Nelsinho Freire, que por um tremendo azar corria na mesma categoria do Ayrton, me levou na curva da balança e falou: “Olha o 42 fazendo essa curva!”. O 42 era o Ayrton! Ele veio na reta, meteu o pé no freio, travou a traseira e veio controlando a derrapagem até o meio da curva. Depois fincou o pé no acelerador e entrou na reta dos boxes. Olhei estarrecido pro meu amigo e perguntei:

- C*****, Nelsinho, eu também quero fazer isso. Você sabe derrapar assim???

- Mais ou menos, às vezes dá certo ...

Esse sentimento de resignação era comum em toda geração que correu na fase Ayrton: muito piloto ali podia até ser mais rápido do que ele; alguns tinham o mesmo estilo de pilotagem, como Chico Serra, mas só o Ayrton fazia isso com tanta naturalidade que parecia estar brincando de carrinho no tapete da sala.

Um ano depois era minha vez de sentar num kart e brigar horas seguidas para aprender a derrapar daquela forma. Em algumas curvas de algumas pistas eu até conseguia derrapar daquela maneira, mas em todas as curvas de todas as pistas só mesmo Ayrton conseguia. (Um parêntese: ele era conhecido como “Beco” entre os amigos daquela época, mas nunca consegui chamá-lo por esse apelido...).

Minhas conversas com Ayrton foram poucas, sempre sobre assuntos relacionados aos karts e às corridas, eventualmente falávamos de moto, autorama, mas sempre tinha corrida no meio. Uma vez estávamos tomando um lanche no domingo, esperando a largada das nossas categorias, quando as motos largaram no autódromo de Interlagos. Corremos pra subir no muro e ver as motos passando, saindo da Curva 2. Depois que as motos passaram o Ayrton olhou pra mim e comentou:

- Putz, tenho maior vontade de correr de moto!

Quem diria! Dez anos depois era eu quem estava passando naquela curva com uma moto de corrida...


Brother


Eu fico doente quando leio comentários de jornalistas que apareceram muito tempo depois e escrevem verdadeiras cretinices sobre o comportamento do Ayrton. Ignorância, falta de documentação, mas sobretudo inveja alimentam muito desses comentários. Falar que Ayrton só ganhava porque era “filhinho de papai” e tinha uma montanha de equipamento é um atestado da mais alta inveja. Se existia alguém que podia ser chamado de “filhinho de papai” era Mário Sérgio de Carvalho Filho, ninguém menos que o filho do fabricante de karts Mini. Ele tinha um estilo maravilhoso de pilotar e contava com uma fábrica inteira à disposição. Com um estilo mais redondo e cerebral, era o único que fazia frente ao Ayrton. As corridas se resumiam ao seguinte: “quem vai ganhar, Mário Sérgio ou Ayrton?”

Se existe alguém neste planeta que pode dar o melhor depoimento do que foi Ayrton nesta época, sem dúvida, chama-se Mário Sérgio de Carvalho Filho.

A família do Ayrton tinha grana sim. Mais do que da maioria, mas menos do que muitos do que estavam ali! Tinha filhos de industriais, políticos, altos executivos de multinacionais, milionários tradicionais e outras categorias do topo da pirâmide e que nunca se tornaram piloto de carro. O pai do Ayrton era um comerciante que se deu bem porque abriu uma loja de material de construção em um bairro nobre que estava em plena expansão. E, ao contrário da maioria dos pais daquela época – inclusive os meus – não deixava Ayrton dirigir sem carteira de habilitação. Eu ia para a pista com meu próprio carro. Aos 17 anos! Sem habilitação!!! Para viajar pelo interior de São Paulo contava com meu primo Irineu, um ano mais velho e já habilitado. O Ayrton rodava pela cidade porque tinha um motorista.

Eu era mais “filhinho de papai” do que ele!

Duas cenas me marcaram nesta época. A primeira quando eu estava quebrando a cabeça para acertar meu kart, desesperado, tentando tudo e nada funcionava. Pedi pro Ayrton dar uma volta. Nem precisou, em meia volta ele descobriu que tinha quebrado um parafuso de sustentação do eixo. Essa ajuda iria se repetir em outra ocasião. Ele fazia isso várias vezes, com os novatos. Era o nosso grande irmão, no bom sentido.

A segunda cena foi numa pista do interior. O Ayrton estava sentado em volta de uma pilha de pneus, com uma fita métrica na mão, medindo o perímetro de todos eles. Olhei aquilo e perguntei:

- Mas que c*** você está fazendo?

- Escolhendo os pneus!!! Essa pista só tem curva para direita, os pneus do lado esquerdo vão gastar antes, por isso precisam ter mais borracha.

Voltei pro meu box, olhei pro único jogo de pneu que dispunha e sentei resignado, esperando a largada...



15 anos depois


Bom, a trajetória do Ayrton é conhecida do mundo inteiro. Só lamentei não ter pego o endereço dele quando foi pra Inglaterra, pois eu teria escrito e certamente ele teria respondido. Mas... sempre a timidez f**** minha vida!

Quando Ayrton foi bi-campeão mundial, em 1990, (ou quando foi tri-campeão, em 1991, admito que não lembro), ele fez uma super festa na fazenda de Tatuí, interior de SP. Nesta época eu era colaborador do jornal Shopping News e o assessor de imprensa do Ayrton, meu amigo Roberto Ferreira, me mandou duas credenciais. Uma delas era para Livio Oricchio, que abriu mão do convite. Olhei pra minha filha, Nina, então com 5 (ou seis) anos, peguei meu velho Opala Coupé 1981 e lá fomos pra Tatuí.

A festa era tão suntuosa, grandiosa e fabulosa que os seguranças olharam muito desconfiados pra aquele Opala e não fizeram a menor cerimônia em revistar o carro todo, inclusive no porta-malas!

Não lembro muitos detalhes da festa: tinha uma dupla sertaneja cantando, várias tendas enormes, muitas celebridades na época pré-Caras e uma corrida de kart na qual Bruno Senna foi o vencedor. Eu estava animadíssimo porque comentaram que teria uma corrida de kart para jornalistas e eu era o papa-tudo destas corridas. Mas foi alarme falso.

E também lembro de uma cena engraçadíssima que virou lenda na família. Todo mundo ganhou um kit composto de boné, camiseta e credenciais. E todo mundo pedia pro Ayrton autografar na camiseta. A Nina olhou aquilo, sem entender muito bem o que se passava e perguntou:

- Por que aquele homem fica rabiscando a camiseta de todo mundo?

A explicação não a convenceu muito. Quando estava lá, zanzando o Ayrton me reconheceu, olhou pra Nina, com jaleco de “press” e fez algum comentário sobre a “menor jornalista do evento”. Foi quando ele a pegou pela mão para tirar uma foto. A Nina se escondeu atrás de mim e não queria de jeito nenhum. E eu:

- Vai, Nina, hehe, vai do lado do tio Ayrton, vamos fazer uma foto. Ele é piloto de Fórmula 1...

E praticamente empurrei a Nina, que fez maior cara de desconfiada, mas foi. A foto é esta que ilustra este artigo, mas repare como ela está toda torta, querendo fugir dali.

Feita a foto, perguntei:

- Mas Nina, por que você não queria tirar uma foto do lado do Ayrton???

- Porque eu não queria que ele rabiscasse minha camiseta!

Tive um ataque de riso que devem ter considerado como uma espécie de incontrolável histeria fanática... Abracei minha filha e fomos comer churrasco. (Sim, nessa fase a Nina ainda não era vegetariana, mas já olhava pra salada com mais volúpia do que pra lingüiça).

Na hora de ir embora, sem me dar conta de que estava presenciando um evento histórico, foi a vez da vergonha. Um engarrafamento na saída da fazenda fez o velho Opala ferver! E lá fui eu, com uma leiteira na mão, atrás de uma torneira, deixando o segurança de vigia porque a Nina dormia tranqüila no banco de trás.

Na manhã da segunda-feira, 2 de maio de 1994, na inocente tentativa de falar alguma coisa que diminuísse minha tristeza, Nina me telefonou e comentou:

- Agora aquela foto deve valer uma grana!

Só consegui responder:

- Eu preferia que ela continuasse valendo apenas como uma simples folha de papel."

Nina e Beco

Eu, meu cabelo e meu 147

Não podia deixar de fazer um ou dois comentários, a começar pela campana sempre armada na curva da balança do kartódromo de Interlagos. Era isso mesmo: o 42 ia pra pista e a gente ia ver o cara deslizar desde o ponto de freada até o apex da curva. 

A gente viu isso ao vivo. 

A gente VIU isso. 

Ninguém contou pra gente como era.

E a gente tentava fazer igual. O Nelsinho, o Tite, eu também. Me dá vontade de fazer isso até hoje. Perco tempo, claro, porque os chassis e os pneus são diferentes. Agora não pode mais escorregar porque perde-se muito tempo. Isso no chão seco. No molhado ainda dá pra fazer graça. Se não me engano ainda deve ser meu o recorde do traçado de indoor no kartódromo de Interlagos com chão molhado. Fazendo a freada da curva da balança à lá Beco e indo caçar grip lá fora, perto da grama, de lado, com o volante apontando pra curva 2 da pista grande.

Nunca pedi pra ninguém acertar meus karts e meus race cars. Sou ainda mais tímido que o Tite. Sempre tentei eu mesmo fazer o acerto deles. 

Às vezes dava certo.