sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

CG! - Calculando a taxa de compressão estática

Continuam chegando as peças para montar o motor da pequena cafe racer. Hoje chegou a biela.

A biela...

Parei a montagem do motor por causa da altura do dome do pistão novo de 61 mm de diâmetro. O pistão original da CG 125 tem um dome (cabeça, corôa) de uns 2 mm e a distância do furo do pino até o topo (que não medi e nem vem ao caso agora) tem dimensão tal que fazer a taxa de compressão estática ficar na casa dos 10,5:1.

Ocorre que encomendei um pistão com dome zero, ou seja, sem corôa, porque não queria que a taxa de compressão assumisse valores estratosféricos.

Só que, assim como no tempo do colégio, calculei errado a taxa de compressão porque apenas substituí na fórmula o diâmetro antigo pelo novo, desconsiderando a distância do furo do pino até o o topo e a ausência de dome.

He he he...

Acontece (especialmente comigo).

Caso alguém não se lembre, a taxa de compressão estática é dada pela fórmula V = (V+v)/v, onde V representa o volume deslocado pelo pistão e v representa o volume da câmara de combustão (montada com válvulas e vela) mais o volume da junta do cabeçote, mais o volume da luz (distância do pistão em TDC até o topo do cilindro) e menos ou mais o dome e as cavas do pistão (respectivamente).

O novo volume deslocado pela pequena CG é de 145,54 cc, uma vez que o curso original foi mantido. O volume do cabeçote é de 14 cc, o volume da luz é de 11,69 cc e o da junta do cabeçote, de 0,88 cc. Somando, dividindo, multiplicando e subtraindo (explicação simplista desenvolvida no tempo do colégio que poupa muito tempo e saco de quem não gosta de Math) a taxa estática que obtive foi de ridículos 6,47:1. Pouco mais do que um Fordinho de bigode dos anos 10 do século passado.

Precisei de uma saída que de preferência evitasse o desbaste da face do cabeçote que fica em contato com o topo do cilindro e o desbaste do próprio topo do cilindro. Mas fiz as medições devidas pra saber se dava pra chegar na taxa desejada por esses caminhos. Constatei que é possível remover 2 mm de material do cabeçote e 4 mm do topo do cilindro.

Mas essa seria uma saída que poderia me causar problema no futuro caso eu queira aumentar ainda mais o volume de deslocamento do pistão via aumento do curso. (Geralmente, mais capacidade cúbica significa mais potência).

Passei então a procurar uma biela que fosse mais comprida e que tivesse o mesmo diâmetro do pino do pistão da CG e o mesmo diâmetro do pino do virabrequim.

Achei.

É a biela da Honda CRF 230.

Mas tem um problema. A distância entre os centros dos furos da biela da CG é de 106 mm e eu precisava de uma com 110 mm para ter uma taxa de compressão próxima da original do motor de 125 cc. Mas a biela da CRF teria, segundo catálogos e informações que coletei, 109 mm. Com isso eu obteria 9,17:1 de taxa, faltando pouco pra chegar onde eu queria, ou seja, por volta de 10:1. E faltando pouco em termos de remoção de material ou no cabeçote ou no topo do cilindro, o que é bom.

Acabei de medir a biela nova (adoro quando chega o carteiro em casa trazendo pacotes. Melhor que presente de natal porque não tem que esperar até o fim do ano) e aferí, 110 mm entre os furos!

Perfect! Luz zero! Dome zero!

Agora o motor fica do jeito que eu imaginei.

Um comentário:

  1. Agora sim, taxa certa e fotos no blog assim podemos acompanhar a emoção da chegada do carteiro!!!

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